Começo com um questionamento para vocês, no quesito roupa, vocês se importam mais com quantidade ou qualidade? E vocês sabem como uma escolha que fazemos pode vir em consequência para o mundo inteiro?

Com isso, hoje abordaremos este tema, que a cada dia que passa se torna mais importante e necessário para a humanidade.

Vocês sabiam que a indústria da moda é a que mais polui o meio ambiente do nosso planeta? Isso ocorre por conta do modelo acelerado de produção, que a cada temporada apresenta novos tipos de peça e consequentemente faz com que para estarmos dentro da moda descartemos as peças anteriores, mesmo que elas estejam bem conservadas, fazendo com que o ciclo de vida das roupas dure pouco.

No livro “Armario Sostenible” (Guarda-roupa sustentável), a comunicadora espanhola Laura Opazo argumenta que a moda reflete a constante evolução da sociedade. Antes da Segunda Guerra Mundial, o vestuário não era visto como um item de consumo diário, mas sim relacionado à substituição. Após a guerra, na década de 1950, com os jovens fora do conflito e as mulheres ingressando no mercado de trabalho, houve um boom econômico no Atlântico Norte. Esse período reforçou a confiança na sociedade de consumo e no crescimento ilimitado. Opazo destaca que esses fatores, junto com o progresso tecnológico e a publicidade, impulsionaram uma intensa produção industrial, apesar dos recursos naturais limitados, resultando no consumo inconsciente que é hoje.

DADOS:

O mercado têxtil é um dos que mais movem a economia no país, porém junto com o lucro vem uma grande quantidade de desperdício de matéria-prima, que poderia ter sido reutilizada. A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, ficando atrás da indústria petrolífera, no total, estima-se que 10% de todas as emissões de gases carbônicos na atmosfera são resultados das consequências da indústria da moda, além dos outros impactos negativos que ela causa, como: poluição e escassez da água.

O relatório : “Uma Nova Economia Têxtil : Redesenhar o futuro da moda” publicado em 2017 originalmente em inglês pela Ellen MacArthur com apoio da estilista Stella McCartney, traz dados horripilantes: a cada segundo o equivalente a um caminhão de lixo cheio de sobras de tecidos são queimados ou descartados em aterros sanitários. Por ano, 500 bilhões de dólares de roupas com pouco uso são jogados fora.

Parte desses impactos foram causados pelas empresas de fast fashions, que observam o que está sendo produzido pelas marcas renomadas e fabricam em grande escala modelos parecidos, mas com qualidade inferior, garantindo o consumo pelos clientes, porém essas peças são utilizadas menos de cinco vezes e geram 400% de carbono a mais que as comuns, resultando em mais poluição, além disso por ser em grande escala incentiva o trabalho escravo, em especial nos países da Ásia.

MAS AFINAL, O QUE É A MODA SUSTENTÁVEL?

A moda sustentável é um termo usado para descrever uma abordagem que leva em consideração a preservação do meio ambiente em todas suas etapas de produção, para reduzir a quantidade de poluentes e minimizar a retirada de matérias-primas do planeta.

QUANDO SURGIU?

Embora não seja uma ideia recente, as práticas sustentáveis na moda existem desde os anos 1960. O movimento hippie, com seu foco no meio ambiente e na comunidade, impulsionou uma moda mais consciente em relação aos aspectos ambientais e sociais. Nos anos 2000, novos movimentos voltados para a sustentabilidade na moda começaram a emergir, contribuindo para o desenvolvimento da moda sustentável.

Esse debate se intensificou na década de 2010, à medida que o impacto negativo da moda rápida e do consumo excessivo de roupas se tornou mais evidente. Um exemplo disso foi o desabamento da Ranna Plaza, no ano de 2013 em Blangadesh, onde 1.135 pessoas morreram, e 2.500 se referiram, além de que o prédio operava em condições ilegais. Os funcionários não tinham seus direitos garantidos e eram pouco remunerados, sendo tratados como escravos.

Desastre em Blangadesh – 2013

Desde então houve uma crescente preocupação sobre a importância da moda sustentável e em como mudar essa triste realidade, logo, foi fundado o movimento Fashion Revolution, por Carry Somersby e Orsola de Castro, com o intuito de que tragédias como essa não aconteçam novamente. O movimento se constitui em trabalhar para que a moda conserve e restaure o meio ambiente, valorizando as pessoas acima de tudo.

QUAIS MATÉRIAS-PRIMAS ESCOLHER PARA UMA PRODUÇÃO MAIS CONSCIENTE?

O ideal é utilizar fibras biodegradáveis e produzidas de maneira sustentável, sem pesticidas ou produtos tóxicos. Materiais orgânicos, como algodão, linho, cânhamo e seda, cultivados sem pesticidas e herbicidas prejudiciais ao meio ambiente, são preferíveis. O algodão orgânico, por exemplo, é cultivado com métodos naturais de controle de pragas e doenças, reduzindo a poluição em comparação ao algodão comum.

Fibras sintéticas como poliéster, viscose e nylon requerem grandes quantidades de produtos químicos na fabricação, poluindo o meio ambiente. Em contrapartida, o uso de materiais reciclados, como poliéster feito de garrafas PET e nylon de redes de pesca recicladas, pode ser uma alternativa mais sustentável. Materiais de baixo impacto, como Tencel e Modal, feitos a partir de madeira de reflorestamento e polpa de madeira certificada, respectivamente, são altamente biodegradáveis e duráveis, causando menos danos ambientais.

Outras práticas importantes incluem o uso eficiente dos recursos hídricos, tanto na fabricação dos produtos quanto no cultivo da matéria-prima, e a utilização de corantes naturais extraídos de vegetais. O tratamento adequado dos efluentes industriais, a redução do desperdício de tecidos durante corte e costura, o respeito aos direitos e bem-estar dos trabalhadores, e a priorização da produção em pequena escala, ao invés da produção em massa de baixa qualidade, são igualmente essenciais.

Essas práticas contribuem para uma moda mais limpa e preocupada com os aspectos ambientais e sociais, refletindo uma mudança necessária no setor de vestuário.

COMO FAZER A SUA PARTE ?

E claro que para nossas alunas que produzem suas próprias roupas, não poderíamos deixar de citar os tecidos da ECOSIMPLE, que contém uma variedade para todos os gostos, além de que são altamente sustentáveis, com matérias-primas recicladas, e fibras orgânicas naturais de alta tecnologia, proporcionando qualidade, durabilidade e sofisticação.

Nós da Comunidade Inaá fazemos nossa parte, dedicando todo o conhecimento e experiência que temos para a confecção de roupas elaboradas em cada detalhe, com o intuito de serem resistentes e com longa durabilidade, para que nossas alunas ao fazerem as roupas, entendam que não é sobre quantidade.

E vocês, já fizeram a própria parte em colaboração ao nosso planeta? Comentem aqui!