Se você viu franjas, crochês, batas fluidas e estampas étnicas desfilando por aí nos últimos tempos, não é impressão: o estilo boho está de volta — e mais forte do que nunca. Mas por que isso acontece? Por que certas tendências desaparecem e, de repente, reaparecem nos guarda-roupas, passarelas e feeds de inspiração? E mais: o que torna o boho tão irresistível para tantas gerações? A resposta está em um dos ciclos mais fascinantes da moda: o de ida e volta.

Como funcionam as tendências de moda?

As tendências não surgem do nada. Elas são reflexo do nosso tempo — uma resposta às transformações sociais, políticas, econômicas e culturais. Depois de períodos de rigidez, por exemplo, costumamos buscar conforto. Depois de tempos de repressão, ansiamos por liberdade. A moda, nesse sentido, funciona quase como um espelho do espírito da época: o famoso zeitgeist. E assim como a história se repete em espirais, a moda também recicla estéticas e códigos visuais de décadas anteriores, trazendo de volta estilos que já foram símbolo de um momento — só que reinterpretados com uma nova linguagem.

O que é o estilo boho?

O termo “boho” vem de bohemian, e surgiu como uma referência ao estilo de vida livre e artístico dos boêmios europeus do século XIX — que por sua vez, já eram influenciados por comunidades nômades, culturas orientais e indígenas. Mas o boho como conhecemos hoje foi moldado principalmente nos anos 1960 e 1970, com a explosão do movimento hippie. Ele se consolidou como um estilo que mistura:

Tecidos naturais e fluídos

Peças artesanais (crochês, bordados, franjas)

Estampas étnicas e florais

Cinturas soltas e silhuetas relaxadas

Elementos vintage com toques folk e western

Mais do que um estilo, o boho é uma filosofia visual que exalta a liberdade, o contato com a natureza, a mistura de culturas e o fazer manual. É uma moda que respira autenticidade.

Por que o Boho voltou agora?

Nos últimos anos, vivemos um turbilhão de mudanças: pandemia, digitalização acelerada, crises ambientais e uma crescente necessidade de reconexão com o essencial. E é justamente nessas transições que o boho ressurge com força. Os principais motivos para o retorno do boho são, a volta ao natural e ao artesanal, o mundo busca desacelerar. Isso se reflete na valorização de tecidos crus, bordados manuais, tramas em crochê e peças que carregam afeto e história — elementos centrais no boho. A Conexão com a estética do bem-estar, o boho traz conforto, fluidez, camadas que abraçam o corpo. Em tempos de autocuidado e consciência corporal, esse tipo de roupa faz sentido emocional e prático. Tendências do momento que dialogam com o boho:

Western glam: franjas, botas, couro e fivelas grandes.

Romantismo retrô: babados, mangas bufantes e rendas.

Patchwork e upcycling: valorização do reaproveitamento com estilo.

Utilitário com alma: peças funcionais com estética naturalista.

Influência dos festivais, do TikTok e da nostalgia Y2K: Estilistas e influenciadoras estão resgatando o boho dos anos 2000 (alô, era Coachella!) e misturando com elementos da nova geração — criando um boho 2.0, que mistura passado e presente com leveza.

Como costurar um boho contemporâneo?

Na Comunidade Inaá, a gente adora quando uma tendência convida a colocar a mão na massa (ou no tecido!). O boho, por ser um estilo cheio de camadas, é perfeito para quem costura:

Aposte em tecidos leves e com movimento: algodões finos, viscose, laise, cambraia e crepe, abuse de detalhes manuais: aplicações, bordados, crochê, renda e patchwork. Crie peças que se conectem com sua identidade: túnicas, batas amplas, saias evasês, quimonos, calças amplas com cintura baixa, vestidos com recortes e camadas. Pense em combinações criativas: o boho permite mix de estampas, sobreposições e acessórios ousados.

E, claro, personalize. O estilo boho é sobre contar sua própria história. No fim, o retorno do boho não é apenas estético. É simbólico. Ele nos lembra que é possível viver com mais leveza, se expressar com mais verdade e vestir-se com mais intenção. Enquanto tantas tendências correm para acompanhar algoritmos, o boho sussurra:

“Vista quem você é, não o que esperam de você.”