Você já se perguntou por que, de repente, todo mundo começa a usar uma mesma cor, uma peça específica ou um estilo de maquiagem? As tendências não surgem do nada. Elas são o reflexo de movimentos sociais, culturais, políticos, econômicos e até tecnológicos. Neste artigo, vamos entender como as tendências surgem, de onde elas vêm e quem dita o que será tendência no mundo da moda — e não só da moda, mas no comportamento, design, beleza e consumo como um todo.
Uma Breve História das Tendências
O conceito de tendência é relativamente recente na história da moda. Durante séculos, quem ditava o que se vestia eram as cortes reais e a aristocracia. A moda estava diretamente ligada ao status social.
Século XV ao XVIII: A moda era determinada pela nobreza europeia. As tendências surgiam nas cortes (principalmente na França) e demoravam anos para se espalhar.
Revolução Industrial: A partir do século XIX, a industrialização trouxe produção em massa, o que democratizou o acesso à moda. Começam a surgir as primeiras revistas de moda e as tendências começam a circular mais rapidamente.
Século XX: A moda se tornou um fenômeno de massa. A partir da década de 50, a cultura jovem começa a ter papel fundamental. Movimentos como o punk, o hippie e o grunge moldaram estéticas e comportamentos.
Anos 2000 em diante: A globalização e, mais tarde, as redes sociais, aceleram drasticamente o ciclo das tendências.
Mas Afinal… O Que É Uma Tendência?
Uma tendência é um movimento coletivo de adoção de comportamentos, estéticas, estilos ou produtos, que surge a partir de sinais culturais, sociais, econômicos ou tecnológicos. Ela pode surgir de diferentes formas:
Um mood (ex.: otimismo, nostalgia, rebeldia)
Uma necessidade (ex.: conforto, sustentabilidade)
Um desejo coletivo (ex.: pertencimento, exclusividade)
De Onde Elas Surgem?
1. Movimentos Sociais e Culturais. As transformações da sociedade são o maior motor de tendências. A luta por diversidade, sustentabilidade, inclusão e representatividade tem moldado profundamente a estética atual.
2. Comportamento de Consumo. As gerações mudam seus valores e prioridades — e isso impacta diretamente o mercado. A ascensão do consumo consciente, do slow fashion, do upcycling e da personalização são tendências comportamentais que impactam a moda e o design.
3. Tecnologia e Inovação. Avanços como inteligência artificial, impressão 3D, realidade aumentada e tecidos tecnológicos não só criam novas possibilidades, como também geram estéticas futuristas, híbridas e disruptivas.
4. Macrocenários Econômicos e Políticos. Crises econômicas, guerras, pandemia, mudanças climáticas… Tudo isso gera impacto nas tendências. A busca por conforto na pandemia, por exemplo, trouxe de volta o loungewear, os tricôs e as roupas oversized.
5. Arte, Cinema e Cultura Pop. Filmes, séries, músicas, exposições e movimentos artísticos sempre foram grandes propulsores de tendências. O sucesso de “Euphoria” trouxe maquiagem com brilho e estética Y2K. O lançamento de filmes como “Barbie” reverbera no aumento do rosa, do maximalismo e do lúdico.
6. Subculturas e Rua. Muitos dos movimentos mais revolucionários surgiram na rua, fora dos ateliês. Punk, skate, hip-hop, techno, rave, grunge, indie sleaze… Todos vieram de subculturas que depois foram absorvidas e reinterpretadas pela moda mainstream.
Quem Dita as Tendências Hoje?
Bureaus de Tendências. Empresas como WGSN, Fashion Snoops, Peclers Paris e Trend Union fazem pesquisas globais e apontam as tendências dos próximos anos, analisando comportamento, cultura e dados de consumo.
Redes Sociais e Viralização
O TikTok e o Instagram mudaram tudo. As tendências hoje podem surgir de um vídeo, de uma música, de um meme ou de uma trend viral. O ciclo ficou mais rápido, mais democrático — e, ao mesmo tempo, mais volátil.
Consumidores Criativos: Hoje, não são só marcas e designers que criam tendências. O consumidor também dita. Influencers, creators, artistas independentes e até pequenos negócios se tornam for madores de opinião estética.
Desfiles e Semanas de Moda: Apesar do impacto das redes, o circuito de moda (Paris, Milão, Londres, Nova York) ainda exerce forte influência, especialmente nas tendências de médio e longo prazo.
O Novo Ciclo das Tendências: Antigamente, uma tendência levava anos para se consolidar. Hoje ela pode surgir, explodir e desaparecer em semanas. Surgem conceitos como:
Microtendências: rápidas, passageiras, muitas vezes movidas por viralização.
Macrotendências: movimentos mais profundos, que duram anos e estão ligados ao comportamento e à cultura (ex.: sustentabilidade, autocuidado, personalização, bem-estar).
O Futuro das Tendências
Cada vez mais, as tendências se dividem entre dois polos:
O excesso: estética maximalista, glitter, cores vibrantes, statement, looks ousados e divertidos.
O essencial: minimalismo, design atemporal, consumo consciente, peças duráveis e de valor afetivo.
O consumidor busca significado, autenticidade e conexão. O desejo não é mais apenas seguir uma tendência, mas expressar quem se é através da estética. As tendências são como um espelho do nosso tempo. Elas refletem o que sentimos, vivemos e desejamos — tanto como indivíduos, quanto como sociedade. Entender de onde elas vêm é, na verdade, entender mais sobre nós mesmos, sobre nossos desejos, medos e sonhos. E você? Prefere seguir tendências, reinterpretá-las… ou criar as suas?
Deixar um comentário